sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

frases feitas I

Há um livro muito legal que estudei na faculdade de Letras. Chama-se Introdução à Semântica: brincando com a gramática. O autor é Rodolfo Ilari. O livro dá dicas muito legais de como trabalhar com semântica em sala de aula.
Tem uma parte do livro que fala das frases feitas, expressões idiomáticas comuns no nosso dia-a-dia como:chamar o Hugo; quebrar a cara; escreveu, não leu, o pau comeu; falar pelos cotovelos, rodar à baiana; em rio de piranha, jacaré nada de costas; comer da banda podre; o peixe morre pela boca etc....

Dia desses eu ouvi do Daniel Dutra uma assim: "vou capar o gato, então". Achei muito engraçado; não me lembrava de ter ouvido isso de alguém. Ele estava querendo dizer que ia embora. De onde saiu essa expressão? não faço a mínima idéia. E tem aquela: "me caiu os butiás do bolso", para expressar surpresa com alguma notícia inesperada.

Pois o Rodolfo Ilari cita um livro do Mário Prata em que ele inventou algumas histórias que poderiam ter dado origem a algumas dessas expressões. Por exemplo:

quebrar a cara.
significativo: dar-se mal
Histórico: a expressão é deste século e americana. Surgiu quando começaram a colocar grandes portas de vidro nas lojas de Nova York. Nunca se sabia se estavam abertas ou fechadas, e os americanos, muitas vezes, "quebravam a cara" indo de encontro ao vidro. Já deve ter acontecido com você também.

rodar à baiana
significativo: enfezar-se, dar um escândalo público.
Histórico: no início do século, no Rio de Janeiro, os primeiros blocos de carnaval saíam às ruas e cruzavam a cidade cantando e dançando com sua fantasias. Alguns dândis mais folgados se aproveitavam da euforia geral e lascavam beliscões na nádegas das moças. Para por um fim nisso, no meio das baianas, iam uns capoeiristas vestidos como elas levando consigo navalhas escondidas. Ao primeiro sinal de desrespeito, esses soltavam uma meia-lua (golpe de capoeira) na orelha do espertinho. Quem assistia de fora não entendia muito bem, só via "rodar à baiana" e depois aquele Deus-nos-acuda.

E tem outras piadas que usam expressões corriqueiras:
Conversam o carcereiro e o assassino de alta periculosidade. Carcereiro:
-E agora, o que vai fazer?
-Matar o tempo!, disse o assassino

2 comentários:

  1. Conheço outras, talvez bem antigas, que são de épocas em que não havia banheiros decentes, etc. Como essa: "está mais cheia que pinico em baile", ou essa: "Cagou fora do pinico". Meio desbocadas. Mas tem mais: "Comer e coçar, é só começar". Só para contribuir com tua reflexão. Vou parando, mas sei mais umas quantas.

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  2. Sobre a expressão "capar o gato" está relacionado ao gesto que é feito com a mão, com 3 dedos, o médio, seu vizinho e minguinho, que indicam que vou cascar fora, ir embora. Este jesto pois,é muito parecido com a técnica de castração do então infeliz bixinho bixano.

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