sábado, 24 de abril de 2010

hipertelevisão?

O Salão de Atos do Conjunto III da Unifra ficou lotado na sexta-feira à noite para a palestra de Mario Carlón, professor de comunicação em Buenos Aires. O tema da palestra, promovida pelos professores do curso de Comunicação da Unifra, era “O Fim da Televisão?” .

Carlón iniciou a palestra falando sobre a crise dos meios de comunicação de massa - entre eles a TV- na atualidade. Para ele, esta crise está relacionada à multiplicação dos novos meios, à expansão da tecnologia digital e às novas práticas sociais. Citou ainda a convergência e a fusão de telefone, TV e internet em dispositivos móveis.

Ao falar sobre hiperconexão, Carlón destacou a reconfiguração do trabalho e do ócio na sociedade da informação. Novos sujeitos, cada vez mais conectados, exercem uma multiplicidade de ações confundindo a separação entre trabalho e ócio que caracterizou a sociedade industrial.

Além disso, o professor também falou sobre como a foto digital alterou a discursidade histórica da foto jornalística. Antes retratando uma realidade, as fotos digitais, agora, podem criar realidades. Também o cinema digital, na opinião dele, corroeu a discursidade do cinema histórico. Interessante reflexão...

E a televisão? Para Carlón estamos vivendo o fim do relato da história da TV, o fim da TV como meio hegemônico e o fim da TV como programadora da vida social.
Citando Humberto Eco, ele falou da Neo TV que enfatiza o processo de enunciação e não mais o enunciado. O que isso significa? Que a TV, agora, se preocupa em mostrar o processo de produção da notícia, expõe o modo de fazer jornalístico, se utilizando de metadiscursos autoreferenciais como exibir a equipe de produção, a redação do telejornal, pessoalidades do repórter, bastidores, enfim, aquelas coisinhas que às vezes ficam até forçadas ou artificiais.
É o fim do broadcasting, da difusão em massa de informações, e do crescimento da hipertelevisão, um meio que dê conta de diferentes discursividades.
Carlón enfatiza, então, a passagem do dispositivo - os meios históricos de comunicação massiva para a interface -características dos meios digitais.
E qual é o sujeito espectador do jornalismo? trata-se de um sujeito que é bombardeado por informações e a televisão precisa de estratégias para alcançá-lo. Assim como ocorre com outros meios, o professor acredita que a TV terá que voltar-se mais a nichos e segmentos específicos.


Enfim, a TV não vai acabar, é óbvio. Incorporação. Adequação. Adaptação aos novos tempos.
Boa e pertinente a palestra do professor Carlón. O vídeo abaixo com imagens da palestra foi feito pelo professor da Unifra e colega de mestrado, Iuri Lammel. Obrigada Iuri!






Carlón é professor da Faculdade de Ciências Sociais de Buenos Aires, onde trabalha com Semiótica dos Gêneros Contemporâneos. Também é investigador do Instituto Gino Germani, na área de Estudos Culturais. Integra a Comissão Diretiva da Asociación de Estudios sobre Cine y Audiovisual. Possui doutorado em Ciências Sociais pela instituição em que leciona e publicou livros como El fin de los medios masivos. El comienzo de un debate em parceria com Carlos Scolari, em 2009, e De lo cinematográfico a lo televisivo: Metatelevisión, lenguaje y temporalidad, de 2006.

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