terça-feira, 24 de maio de 2011

Tempestades e memórias infantis

Ontem choveu. Ao ouvir trovões e relâmpagos, iluminaram-se lembranças infantis; do tempo em que eu e meus irmãos, em dias de tempestade, deitávamos em frente à janela - com a veneziana aberta- para assistir ao espetáculo que uma noite assim nos proporcionava. Pequenos prazeres. Quase um cinema. Medo, risos, contemplação. Que diversão simples era essa de ver luzes refletidas nos coqueiros. O quarto completamente escuro que iluminava de repente. A casa de madeira que tremia a cada trovoada.
Que paz em dormir, protegidos, ouvindo a chuva no telhado e o vento.
Que excitação infantil pode causar uma simples tempestade. Só voltando a ser criança pra sentir tudo de novo.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Ajude o Quando Fecho os Olhos

O espetáculo de artes integradas ‘Quando Fecho os Olhos’ está na programação da etapa paulista do Festival Fora do Eixo 2011, que acontece de 23 a 25 de junho. A produção, que envolve os núcleos de teatro, literatura, música, artes visuais e audiovisual do Macondo Coletivo, estreou no ano passado em uma apresentação no Theatro Treze de Maio (LINK) com casa lotada e promete mais duas apresentações em Santa Maria. Uma delas, já confirmada, é durante o 4º Festival de Teatro Independente de Santa Maria (Fetism) (link 2010), que acontece em agosto e a outra, ainda sem data definida, acontecerá no Macondo Lugar antes da viagem à capital paulista. O fato de a produção ser independente implica em pouca verba para a viagem a São Paulo. Por isso, o grupo está promovendo ações de captação de recursos. Até o final do mês de maio será promovido um almoço – provavelmente uma feijoada – e, desde o dia 15, o projeto está inscrito no site de financiamento colaborativo Catarse. As doações variam de R$ 15,00 a R$ 200,00 e quem ajudar recebe prêmios dependendo do valor doado.

Para entender melhor como funciona o projeto no Catarse: você acessa o catarse.me e clica no projeto “Quando Fecho os Olhos no Festival Fora do Eixo em SP”. Na página do projeto, existe um vídeo e um texto que explicam o espetáculo, falam sobre a importância artística do projeto e da necessidade de capatação do recurso para a viagem. O sistema de doação é simples e seguro. O maior porém desta ação é que se o valor pedido não for alcançado, o projeto não passa e o dinheiro doado retorna para quem fez a doação.


Contamos com a colaboração de todos para pegarmos a estrada e mostrar a produção artística santa-mariense na terra da garoa!

Vejam vídeo no youtube: http://youtu.be/8saQuEHZDR8

Texto: Kareka Ricordi


Ano passado escrevi aqui no blog sobre essa peça.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Blogs e diários

Os blogs nasceram como páginas pessoais utilizadas para se indicar links de outras páginas e, também, como diários pessoais. Neste caso, diários virtuais, publicados na rede. E aí se estabelece a diferença entre um diário que escrevemos para guardamos para nós mesmos, sem permitir que ninguém leia, e um diário escrito para ser exposto aos leitores da rede.

Foi para falar um pouco sobre esta prática de escrita que se assemelha a um diário, que estive, na terça-feira passada, em uma aula do curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria. O convite partiu do professor Guilherme Correa e da professora Deisi Sangoi Freitas. Eles ministram a disciplina Diários na e da pesquisa, seus usos e frutos, em que os alunos estudam e discutem as práticas de diários pessoais. Muito interessante pesquisar a questão da escrita íntima. Apesar de não estudar exatamente os blogs nesta perspectiva, fui lá para contar da experiência de escrever em um blog, hábito entre milhares de pessoas hoje.

Há um livro interessante sobre blogs e escrita íntima, que é de autoria de Denise Schittine: "Blog: comunicação e escrita íntima na internet". Denise pesquisa a questão do público e privado, da escrita do segredo e do blog como relato jornalítico:
"O fato de ser um diário íntimo escrito dentro de um meio de comunicação (a internet) e voltado para um público transformou uma questão que, a princípio, seria literária numa questão relativa, também, à disciplina da comunicação. O escrito íntimo vai ser veiculado através da rede por um autor e terá um grupo de leitores que contribui ou opina diretamente no texto" (2004, p.13)

Alguns dos pontos levantados na discussão foram a fronteira entre privado e público, que hoje é difícil de ser demarcada, e a interação com os leitores. O pessoal quis saber minhas motivações pra escrever e como me relaciono com meus leitores. Esta relação, muitas vezes, é tensa, sim; em outras vezes é prazerosa e rica.

Eu nunca tive um diário de confidências, onde colocava meu segredinhos sem mostrar para ninguém. Eu anotava coisas na agenda, aquelas agendas megarecheadas que a gente coloca até papel de chocolate, flores secas, clipes coloridos e outras quinquilharias...Eram registros meio desorganizados, sem muito texto, mas com muitas marcações e mil significados. Também gostava de responder aqueles famosos questionários que circulavam entre as garotas. Era legal.

Sempre gostei mais de ler do que de escrever, eu acho. Mas hoje eu escrevo mais do que leio. Meu blog surgiu de uma disposição jornalística, de fazer relatos. Vem de uma prática de escrever releases, redigir notícias, contar sobre eventos que participo, que assisto, coisas que eu vejo na rua, que eu presencio, que eu escuto por aí; vem de um prazer em expor meus palpite e comentários sobre filmes, livros, programas de televisão, experiências pessoais. Aqui tenho liberdade de escrever o que eu quero e isso me traz satisfação.

Sim, quando eu conto o que fiz, onde eu fui, o que gostei e desgostei, estou exercitando uma escrita de diário. Mas tudo é publicado aqui; pouca coisa fica em segredo. É escrita íntima? sim. Mas também é comunicação pois que é exposta na rede, está aos olhos de todos.

No começo, eu escrevia no blog mais pra mim. Mas depois que os leitores começaram a interagir, eu cuido mais do que escrevo. Sei que há internautas que acessam o blog e isso me afeta e me influencia muito, talvez até me policie, talvez até me impeça de aqui ser plenamente livre. É claro que eu prefiro que as pessoas leiam meus textos e comentem; gosto quando há comentários, mesmo quando eles são de pessoas anônimas; e mesmo que os anônimos sejam hostis.
Eu quero esta interação.

Haveria muitas outras coisas a dizer sobre blogs e escrita íntima, mas para este texto não ficar muito longo, vou parando por aqui.

domingo, 1 de maio de 2011

A cidade respira cultura. Será??


Santa Maria bem cultural neste final de semana. Enquanto uns usufruíam da Programação da Feira do Livro, que começou no chuvoso sábado pela manhã, outros participavam das discussões da Conferência Estadual de Cultura que reuniu pessoas de vários municípios do Estado, interessadas em acompanhar os planos da política cultural para o Estado e também para o País. Na abertura do evento, o auditório do Colégio Marista Santa Maria ficou praticamente lotado, reunindo cerca de 300 pessoas. Autoridades da cultura presentes e, claro, políticos, que no sábado não foram mais vistos no evento. Espera-se que tenham deixado assessores, mas nada garantido também.
A abertura foi chata, como sempre são as aberturas deste tipo de evento. Todos os representantes de instituições falam. Representante da Assembléia, da Câmara, do governo do Estado, da Prefeitura. Blá, blá, blá.

Babadinhos do primeiro dia:
-Um pequeníssimo número de estudantes universitários resolveu ir à abertura da Conferência para protestar contra Schirmer em razão de um possível aumento da tarifa de transporte coletivo. "2,30 dificulta o acesso à cultura", gritaram os estudantes quando Schirmer foi chamado a tomar a palavra. Schirmer ignorou num primeiro momento e depois acabou dizendo que em tal lugar a passagem era mais barata que em SM; enfim, não entendi porque ele fez isso. Ficou meio confuso. OK, quer protestar, protesta, mas os estudantes poderiam ter chamado mais gente não é mesmo.
-Pronunciamento da primeira-dama do Estado, Sandra Genro, foi desnecessário. Aliás, desde quando primeira-dama representa governador neste tipo de evento. Estranhei. Ainda mais porque depois transmitiram uma mensagem (não muito feliz, diga-se de passagem) do governador pelo telão. Enfim, Sandra falou mais da vida pessoal, relembrou dos amigos da cidade, de como conheceu o atual marido, dos bailes de debutantes, blá, blá, blá..

No segundo dia de Conferência, reclamação geral do tempo curta para reunião dos grupos temáticos e para os relatos na plenária. O público criticou muito, e com razão, a dinâmica do evento que priorizou as palestras e explanações de autoridades, deixando pouco espaço para os espaços efetivos de troca, de diálogo com a plenária.


Pontos positivos da Conferência.
-Apresentações artísticas. Street Dance, (foto de Biba Campos) Projeto Cuíca, La traviatta, Cia Sorriso com Arte, capoeira dos meninos da FASE de Passo Fundo, Rogério Lobato. Muitas atrações, enfim.
-Presença de agentes culturais de vários municípios de Santa Maria.
- transmissão da TV ovo por streaming e boas entrevistas.
-participação de coletivos e associações culturais da cidade


Pontos negativos
-organização: atrasos das mesas, diálogos com a plenária não realizados, etc.
-pouquíssimo tempo para as discussões dos grupos e para os relatos na plenária final;
-sem wi-fi: impossibilidade de usar a rede no local do evento sem internet 3G
- telão subutilizado: nao serviu pra nada.

O Macondo Coletivo fez uma cobertura da Conferência. Está tudo no blog.