terça-feira, 26 de junho de 2012

Parlare

Sempre preferi o silêncio..

Falar, pra mim, é um esforço. E por que eu fiz jornalismo então? Não sei. Porque gosto mais de ouvir, observar, contemplar, escrever...
E cada vez que eu falo mais que o normal eu me arrependo depois...

Não sei de onde vem isso nem o porquê. Não lembro de ter crescido, pelo menos até os cinco anos, em um ambiente com muitas falas. E isso não é um lamento. Só fui à escola aos sete anos e lá eu senti um choque mesmo. Muita criança falante! Professores que falavam sem parar. Bem cansativo!
Não gostava de falar em sala de aula; não gostava de apresentar trabalho para a turma e foi assim até a faculdade, até a especialização, até o mestrado. E é assim até hoje, até esse minuto...
Falar era expor-se, concentrar atenção em mim; e eu nunca me senti confortável com isso. Problemas psicológicos talvez...

Falar cansa, exige. Exige de mim que tenho que formular a fala de forma que a pessoa entenda, o que nem sempre é fácil porque eu me enrolo bastante, às vezes, pra me expressar ou transmitir uma ideia ou opinião. Exige da pessoa que está me ouvindo, que se distrai logo, desvia a atenção de mim; e não a culpo porque o meu jeito de falar, nada incisivo ou convincente, não atrai mesmo; ao contrário, dispersa. Sou facilmente cortada em minhas falas; deve ser porque falo devagar, de forma entendiante, ou porque me atrapalho e dou a deixa para a interrupção. E aí acontece um fenômeno psico-neuro-linguístico quando alguém me corta e interrompe o meu pensamento: eu desisto de retomar; eu desisto de falar; eu não vou repetir tudo de novo. Não! Eu já tenho falas super curtas no meu dia-a-dia e ainda tenho que retomá-las porque as pessoas me cortam.

Festas- Fico pensando como as pessoas conseguem conversar tanto em baladas com música ao vivo e mil pessoas também conversando em volta. Eu me desespero! Só agonia!
Sério! eu passo por antipática, anti-social, tímida e extremamente chata nesses ambientes porque eu simplesmente NÃO CONSIGO ter uma conversa normal com muito ruído em volta. Eu tenho que fazer um esforço sobrehumano para ouvir e outro pra responder. Então, depois de cinco frases trocadas, eu já estou esgotada e só respondo "aham", "pois é", "sim", "com certeza", "tem isso né"...Eu fico agoniada, invento uma desculpa e saio de perto. Horrível! mas vou fazer o que...Balada é pra observar, dançar e rir. Em bares, sentada e tal eu já preciso me concentrar muito na pessoa porque são vários processos: escutar atentamente o que ela fala, processar para entender o significado, formular mentalmente a resposta e...aff...a pior parte, FALAR!

É complicado porque ocorrem certas situações em que falar, falar muito, seria necessário para a defesa da honra. Mas cadê a motivação? Dia desses passei por um episódio assim. A pessoa colocou o dedo na minha cara, falou horrores - com muita vantagem porque ela tem uma oratória espetacular - e eu praticamente ouvi tudo sem falar. Eu queria sair dali, mas meu ímpeto de ouvir tudo até o final, com a esperança de falar depois, me enraizou no chão. Pouco falei. Na verdade, não disse quase nada. E o mais cômico disso tudo é que o que estava em foco na "conversa" não era o que eu tinha falado alguma vez; era o que eu tinha curtido no Facebook. Porra! Eu não falo, mas o que eu "curto" me trouxe problemas.

Eu sofro por perder chances de falar. Mas depois eu penso, "dane-se".

Há situações em que eu falo demais e falo alto. Mas pode anotar que se isso acontecer é porque não estou no meu estado normal.
#prontoNÃOfalei

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