sexta-feira, 25 de junho de 2010

sempre o espaço público...


OK. Acho que é boa a intenção da Prefeitura, desde o mandato passado, de colocar os camelôs, ambulantes e artesãos num lugar melhor. Especialmente os ambulantes que ficam nas calçadas...

O problema, que eu vejo, é quando a Prefeitura condiciona isso ao projeto de revitalização do centro. E a imprensa reproduz esse discurso toda hora. "Com os camelôs no Shopping Independência, a Prefeitura pode dar início ao projeto de revitalização do centro da cidade'' ou "com a retirada dos camelôs a Prefeitura tenta cumprir a promessa de um centro organizado e com livre trânsito de pedrestres". É isso que tem sido dito por todos. Como se os ambulantes atrapalhassem o ir e vir...Como se os camelôs, e artesãos fossem os principais obstáculos para o limpinho projeto de revitalizacao do centro que ninguém sabe direito o que é, se já tem recursos e tal...

O que me inquieta em relação a isso são os termos utilizados pela imprensa e pelas pessoas que estao ansiosas para ver os camelôs longe da Avenida: "devolver o espaço público aos cidadãos", "desocupar o espaço público", retirar os camelôs para "revitalizar a Avenida Rio Branco"...

Nas reportagens, é possível ver alguns pontos de fuga dessa lógica. Em entrevista à RBS há dias, um camelô disse que o camelódromo trouxe mais segurança à região, pois antes era perigoso passar por ali...
Faz sentido...
Entendo que a Prefeitura quer, retirando os camelôs, dar outra cara à Avenida. Mas revitalizar, ou seja, voltar a dar vida, não é sinônimo de retirar pessoas do local..
A idéia é que haja circulação de gentes, para que a Avenida não volte a ser um lugar perigoso, pois sabemos que quanto mais movimentado for o local, mais seguro ele será, não é assim?

Achei caro o valor dos aluguéis dos boxes do Shopping. Assim como acho complicado ter uma empresa administrando os serviços ali, num prédio público. Mas...isso nem chegou a ser questionado...

As fotos deste post foram feitas há mais de uma semana. As faixas estavam em frente às bancas dos artesãos, na Praça. O prazo de remoção dos camelôs terminava nessa sexta-feira e a abertura do shopping está marcada para este sábado.
Espero que essa transferência seja feita com tranquilidade. E que a Prefeitura seja sensata em suas ações porque frases de efeito e discursos prontos para a imprensa publicar não geram soluções.

9 comentários:

  1. Compartilho contigo as mesmas preocupações com o uso e a segurança dos espaços públicos. Eu já comentei que a presença dos vendedores me davam segurança e acho que a forma com que a imprensa se refere ao processo de "revitalização" tem um pouco de preconceito. ( a palavra revitalização já é imprópria, na minha opinião).Escrevi no meu blog todas as dúvidas e temores que tenho com a retirada dos camelôos da praça. Temo mais problemas sociais. Afinal, essas pessoas faziam parte de um modo de vida, que não era só deles, mas que se sustentava nos costumes da população, senão não teriam sobrevivido por tantos anos.

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  2. Acho que foi tudo bem. Passei pela Avenida ontem e as bancas de camelôs não estão mais ali. A Lúcia foi no shopping popular e gostou do que viu. Que bom!

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  3. Segurança? Vinda de um comércio de ilegalidades onde se encontra remédios de venda restrita (anfetaminas e abortivos) e se pode comprar crack, maconha e pitico (mistura de crack com maconha)? Por favor

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  4. Anônimo...Eu não me referia a isso quando citei a questão da segurança. O que eu quis dizer, talvez não tenha sido entendida, é que é a circulação de pessoas que faz um local ficar mais seguro...Não nego a inexistência deste comércio de drogas ilegais que tu citaste; isso deve ocorrer em vários outros locais da cidade. Obrigada pelo teu questionamento.

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  5. Era bom de compra maconha lá!!!! eu só encostava o carro e comprava... Nem precisava descer ou estacionar o carro. Enquanto esperava o semáforo abrir comprava um baseado... tipo o drive do mcdonalds. Era bem bom!!!! Será que vão continuar vendendo lá dentro... Vou gastar com estacionamento. Fudeu!!!!

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  6. hahahaha...boa essa compração! hahaha
    Sim, droga por droga, prefiro maconha a Mc Engornald's.

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  7. O tal anônimo fez um comentário preconceituoso, generalizando tudo. Conheço um montão de gente boa (artesãos) que trabalham lá, e sei que são gente boa mesmo. Drogas, hoje, pode ser encontrada em qualquer canto, inclusive na porta das escolas e em outros locais "respeitáveis". Fui ao shopping e gostei do ambiente, mas é claro que se vendiam droga,o local não vai impedir que continuem a faze-lo. Conversei com diversas pessoas e algumas estão mal localizadas. Enquanto uma senhora tinha vendido em torno de 200,00 aquele dia, outra tinha vendido 2,00. Mas, no geral, o pessoal parece satisfeito e as ruas ficaram arejadas,mas, por hora, mantenho algumas preocupações.

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  8. Também acho muito preconceituoso atribuir 'revitalização' com retirada dos camelôs e artesãos. As pessoas não deixaram de transitar pela Rio Branco em função dos camelôs. O movimento é fraco porque a Avenida perdeu sua importância para a cidade. Antigamente, a Rio Branco era o local em que se concentravam os hotéis e o comércio, porque ficava em frente à Gare, estação de chegada e partida dos trens. Com o fim da exploração comercial e a decadência da ferrovia, tudo o que estava ligado a ela diretamente sofreu. E isso inclui a Rio Branco e o Hugo Taylor, por exemplo. Mas será que essa é a única causa? Alguém se preocupou em manter a vitalidade da Avenida? O que é aquele edifício não-acabado e torto cheio de pombas? O que é o antigo Jantsen? E o canteiro da Avenida? Vejam fotos antigas. Quando não havia aquele arvoredo, que não é nativo, a vista era mais bonita, e, com certeza, a Avenida era mais segura. Existe uma série de fatores que contribuiram para que a Avenida estaja tão feia, tão decadente. E, outra coisa, os camelôs estão ali porque o poder público montou aquela estrutura que chamamos de camelódromo. É preciso uma série de investimentos para deixar a Rio Branco revitalizada. Mas será que é possível? Será que a comunidade quer isso? Será que ali compreende o principal fluxo? Ou será que mudou para Fernando Ferrari, Presidente Vargas, Medianeira e Dores, só para citar algumas avenidas com mais fluxo de carros e pessoas, bem como maior concentração de comércio e serviços? Vale a pena investir tanto na Rio Branco?

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  9. Excelente comentário, Maurício. Muito bom! Não tinha pensado as coisas por essa perspectiva. Realmente, a Avenida toda não é mais o que era e os camelôs eram apenas parte dela.

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