quarta-feira, 23 de março de 2011

Desfilar em uma escola de samba e a importância das experiências


Sou pé quente. Eu e a Alice. Primeira vez desfilando e a Escola ganha, pela primeira vez, o título de campeã do Carnaval. A ala cineclubista estava linda! Quanta gente querida, alegre e animada. Mais legais que os desfiles - de sábado e de domingo - , foram as concentrações antes deles. Momentos prazerosos com gente muito do bem.

Algumas pessoas ficaram surpresas ao saber que eu desfilaria. Sim, amigos. Eu surpreendi-me comigo mesma. Eu aceitei mais no impulso do que a partir de uma decisão racional. Se eu pensasse muito a respeito, talvez tivesse recusado e perdido momentos tão preciosos que a vida reserva pra gente. E não me arrependo. Não mesmo. Dois motivos pesaram para que eu aceitasse o que para mim significou, sim, uma grande aventura. O segundo é o mais importante. Mas vamos a eles:

1) Desinibição. Muita gente ri quando eu digo que sou tímida. Mas sou, sempre fui. Prefiro o silêncio; não sou de falar muito. Tenho dificuldades de falar em público, apresentar trabalhos. Não sou dada, despachada como uma jornalista deveria ser. Falar com estranhos não é muito fácil pra mim. Tenho limites e achei que desfilar poderia ser bom pra mim, hehe. Céus! Desfilar e saber que todos estão olhando para nós é algo!!! Tanto que não consegui muito olhar para o rosto das pessoas, para os olhos delas. Desconcerta-me! Decidi que preciso enfrentar estas situações.

2)Circular por diferentes espaços. Eu adoro conhecer coisas diferentes, frequentar espaços diferentes, ver pessoas diferentes. E olha que não sou uma pessoa, assim, muito ousada. Moro em Santa Maria há mais de dez anos e ainda não sai daqui. Estando aqui, eu procuro por experiências. Adorei conhecer o barracão da Mocidade, adorei entrar naquele mundo genuíno de samba. Gosto de ambiente que não me são muito familiares, apesar de isso às vezes me assustar um pouco.
Gosto de ir na Baixada ver o Inter-SM, já fui nos Eucaliptos uma vez ver o Periquito. Gosto de jogar sinuca no Strib (faz tempo que não vou). Gosto de ir no Minuano da Canção Nativa. Já fui ver show do Revelação e do Jeito Moleque(bandas de pagode) com uma amiga. Gosto do Macondo - é onde eu mais frequento - mas já fui no Barcelona, no Muzeo, no Corujão, no Eventual e no Absinto. E curti. Em alguns destes lugares eu fui somente uma vez, haha, mas fui. De vez em quando eu vou no DCE ou no Pingo. Acompanho amigos; amigos que tem os mais diversos gostos. Aproveito para conhecer, descobrir, experienciar novos ambientes. E não fico com cara emburrada num canto ou pedindo para ir embora depois de 20 minutos, como muitas pessoas egoístas que conheço fazem. Óbvio que me sinto confortável e bem em alguns lugares e terrivelmente deslocada e perdida em outros. Normal.

Sou jornalista e talvez por isso eu curta esse lance de chegar em lugares que aparentemente nada tem a ver comigo. E isto que estou citando é tão banal como experiência. Não são lugares exóticos como a China, a selva amazônica ou o Nepal, haha. É tudo em Santa Maria.

Eu procuro circular. Mas admito que nos últimos tempos tenho frequentado os mesmos lugares. Uma amiga minha me criticou por isso. E com razão. Também não dá pra ir sozinha e se aventurar a ir num Reduto Pub da vida. Nada contra o Reduto. Nunca fui lá, haha.

Sei que é lugar comum ou clichê dizer isso, mas a gente é múltiplo. Agora estou ouvindo Apanhador Só, daqui a meia hora estou dançando ao som de Rhianna, e amanhã ouvindo Marisa Monte enquanto escrevo. Hoje curto um show da Rinoceronte e amanhã vou desfilar em uma escola de samba. Incompatível? De forma alguma.


Um comentário:

  1. Creio que que o que mais te atrái e a mim também é a multidão das diferenças da "fauna" humana. Adiversidade que continuamente produzem diferenças pessoais, locais e temporais, embora as instituições, não todas,tentem continuamente aprisionar e uniformizar esta riqueza da multidão.Não ha necessidade de ir muito longe para perceber a diversidade de ambientes e vivências exóticas.É preciso afinar a nosssa sensibilidade humana. Claro que outros lugares e outras culturas vão nos enriquecer mais ainda esta grande descoberta das múltiplas e infinitas difenças humanas que nos trans formam também em muitos...

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