quinta-feira, 14 de abril de 2011

A campanha da Feira do Livro 2011

Recebi ontem o email divulgando os cartazes da campanha da Feira do Livro 2011 de Santa Maria, que começa no dia 30 de abril. As peças gráficas foram produzidas pela Facos Agência da UFSM. Na agência, estudantes de Publicidade, Relações Públicas e Jornalismo elaboram campanhas para eventos da Universidade. E fazem muita coisa boa, sem dúvida.

Só que vi problemas nos textos destes cartazes (para visualizar melhor, é necessário clicar em cima da imagem). Sério. São quatro imagens chamando a atenção para a importância da leitura. A chamada comum que aparece no final de cada texto, como uma espécie de conclusão, parece ser "Deixe a leitura entrar na sua história".
Na construção da ideia, a campanha se vale de coisas que fizemos em excesso e que devem ser evitadas para não sermos atingidos pela ignorância. A palavra IGNORÂNCIA, aliás, é um dos conceitos trabalhados e na minha opinião, o que provoca mais problemas.

A campanha, então, pega o nome de quatro filmes para trabalhar o conceito de que a ignorância está sempre presente na vida de quem não lê livros.
Os filmes parodiados são Comer, Rezar, Amar; A menina que roubava livros, Harry Potter e as relíquias da morte, e O Senhor dos Anéis; todos livros que depois viraram filmes, com exceção da Menina que roubava livros que acho que não tem filme. A ideia da paródia é bem interessante, mas achei os textos meio preconceituosos, mal trabalhados mesmo.

O argumento dos produtores da campanha é de que se trata de estereótipos, situações de excesso, como a pessoa que SÓ come, dorme e tuita, a pessoa que SÓ vê televisão. Outra que compra livros e não lê (esta pessoa pode ser eu porque tenho horrores de livros que comprei e não li; sou ignorante então) e a modelete que SÓ usa os livros para corrigir a postura.
Mas eu pergunto: existe este perfil de pessoa na vida real? Quem tuita e come, engorda e é ignorante? Como assim?

Reparem que todos os personagens apresentam uma sombra que são orelhas de burro; achei isso de mau gosto. Não precisava este detalhe, já que os textos são bem explícitos. Aliás, muito texto, diga-se de passagem. Faltou cuidado.


O que não gostei da campanha foi a clara associação do Twitter à ignorância, mesmo que o apelo seja ao excesso. Existe muita leitura no Twitter e é óbvio e desnecessário falar aqui da importância do microblog como fonte de informação e de conhecimento, como LEITURA. Na internet se lê muito, oras.

E aí acho que a campanha erra ao usar a palavra "leitura". Se o apelo fosse ao retorno do hábito de ler LIVROS, pegá-los, folheá-los, frui-los enquanto objeto que está sendo deixado de lado, sim, em parte devido ao computador e à Internet, até acharia interessante; É uma discussão relevante.

Sei lá. Não deve ser fácil elaborar uma campanha de Feira do Livro. Que público se deseja atingir, o que está afastando hoje as pessoas do livros, se é que existe este afastamento. Como convencer as pessoas a comprar livros, que argumentos se utilizar para passar a mensagem de que os livros são maravilhosos, que ler um bom romance ou um bom conto é uma das sensações mais prazerosas da vida.

Não é fácil, gente. Eu respeito o trabalho da Facos Agência e a parabenizo pelo esforço. Este post não tem a intenção de detonar o produto de ninguém, mas sim de problematizar estas questões.

9 comentários:

  1. E quem nao le deve ser burro mesmo!

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  2. ignorante é quem não sabe interpretar e leva pro lado errado.

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  3. concordo com o cometário acima. Eu interpretei de maneira completamente diferente. Não acho que tenham desrespeitado nem ofendido quem não lê

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  4. Silvana, é uma infelicidade que a internet possibilite que todos se comuniquem. Tua redação é péssima, tuas críticas são rasas e tua postura é arrogante. Boa sorte!

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  5. Trols! Críticas! Adoro.

    Anonimos 1 e 2- As interpretações são livres. Eu achei o conteúdo da campanha ruim. Não concordo com a forma como a ignorância é relacionada com Twitter e televisão. Achei preconceituosas as orelhas de burro, a abordagem da menina gorda ou que se preocupa com a beleza, enfim...As pessoas receberam a campanha de forma diversa; algumas gostaram, outras não.

    Anonimo 3.
    Tua primeira frase acabou com toda tua credibilidade: "é uma infelicidade que a internet possibilite que todos se comuniquem". Depois de dizer esta asneira sem tamanho, julgas minha postura arrogante. E a tua postura, me desculpe, é de uma pessoa reacionária e elitista, bem como a campanha da Feira.
    Minhas críticas são rasas. Pode ser. Poderiam estar mais embasadas realmente. Sem falsa modéstia, acho que tenho capacidade de argumentar melhor mesmo. Mas teu comentário tb tá rasinho né. Já que resolveu ser anônimo porque não me criticou mais profundamente, haha.

    Redação péssima. Costumo escrever no blog como eu falo. É uma linguagem mais livre, informal, sem muito cuidado no estilo. Não tenho preocupações em redigir um texto agradável de se ler. Eu quero comunicar, expor minha opinião; Escrevo rápido no blog, não gosto de ficar perdendo um tempão achando as palavras certas para o texto ficar mais elegante. Isto não quer dizer que não saiba escrever um texto melhor que este; não me considero como uma pessoa que escreva mal; nunca tive este tipo de problema em textos acadêmicos, por exemplo. Sempre tirei notas boas nas redações da escola, haha. Mas vou tentar ser mais cuidadosa, neste espaço. E boa sorte pra ti tb.

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  6. Ao longo de mais de 30 anos de magistério, observei que por mais tradicional que seja a educação e por mais autoritário que seja um projeto pedagógico, foi unanimidade entre os educadores, NÃO CHAMAR NINGUÉM DE BURRO. Certa ocasião, uma professora colocou orelhas de burro nas provas de alunos que iam mal ou não faziam temas, etc. Isso deu denúncia no Ministério Público e processo administrativo sobre a conduta da professora. Creio que a campanha poderia ter sido propositiva no sentido positivo, sugerindo outras formas de seduzir para a leitura de livros. Da forma que foi feito, creio que inspira rejeição à leitura. É, sim preconceituosa e do ponto de vista do Marketing, é BURRA merece as orelhas que a campanha utilizou.
    Os autores esquecem que durante centenas de anos na história da humanidade (Manacorda), a forma de comunicação e de cultura era quase só oral, pois nem havia escrita e a humanidade foi capaz de legar grandes conhecimentos, oralmente. Desprezar as redes sociais e a Internet, é absolutamente falta de reflexão sobre os tempos que estamos vivendo, é, efetivamente, ignorar a comunicação em nossos dias. Comentários lamentáveis. Gosto de ler teus comentários Silvana, embora reconheça que podes escrever melhor, inclusive teus textos acadêmicos são muito bons.

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  7. Críticas a quem não lê, a quem usa o tempo pra ficar na frente do computador ou tv, pra quem compra livros e não lê, são coerentes em relação ao âmbito que é a feira do livro!
    Nada mais adequado, e críticas são ótimas.
    IGNORÂNCIA!
    Palavra muito bem usada nessa situação.

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  8. Não concordo que uma campanha de Feira do Livro passe a mensagem de que quem é gordo, usa o twitter, vê televisão ou se preocupa com a beleza é ignorante ou burro. Volto a afirmar que nestas práticas, associadas à ignorância, há muita leitura. Conhecimento não é só leitura de LIVROS. A campanha é preconceituosa e reducionista pois que despreza outras formas de conhecimento e de vivência. IGNORÂNCIA nunca foi palavra tão mal usada e ofensiva como nesta situação.

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  9. Eu sei que é meio tarde para comentários sobre o assunto, porém, precisei retomá-lo para um trabalho, achei o blog e não tive como não comentar minha opinião.
    Sou a favor da campanha por vários motivos, e um deles é que ele fala que a pessoa que SÓ tuita, SÓ cuida da aparência, SÓ olha os livros é ignorante. Reconheço que na internet há muita informação, e é de lá que tiro muita coisa para as minhas fundamentações, porém não pode-se dizer que no twitter existe muita informação, ou dizer que na televisão toda a matéria que sai é totalmente verídica. Obvio que a campanha não cabe apenas ao livro em si, mas também ao apego a leitura, seja ela na internet ou no jornal.
    Na minha interpretação, os alunos da UFSM quiseram que a pessoa que olhasse para o cartaz percebesse que sem ler um artigo sobre qualquer coisa na internet ou nos jornais, faz ela ficar sem senso critico. E para mim, isto é ignorância: a falta de opinião. Pegar o que diz na televisão e tomar como verdade é ignorância sim, se não for procurar pelo assunto tratado em alguma outra fonte de informação, mesmo que seja para aprofundamento ou para o contestamento do tema.
    Não creio que por você ter livros que não quis ler em casa faz você ficar mais ignorante. Aposto que tantos outros adquiridos foram lidos.
    Mas bem, esta é só a minha opinião.
    Apesar de ter se mostrado contra a minha opinião, gostei bastante da sua escrita!
    Parabéns pelo blog. ^^

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