segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Mártir

Título da matéria de Zero Hora de sábado sobre conflito em São Gabriel que deixou um sem-terra morto: "MST tem seu mártir". Cinismo puro, sacanagem. ZH dá a entender pelo título que o movimento queria a morte de um integrante, procurou por isso, para poder ter seu mártir...Não acredito nisso!!! A RBS se esforça para ser equilibrada e neutra nas notícias que envolvem o MST, mas sempre transmite um ranço, embute em seu discurso uma moral pró-ordem em defesa da propriedade, da obediência, da justiça, criminaliza o MST e suas ações, enfoca a violência, descontextualiza os motivos da ocupação, cria uma oposição Sociedade X MST.
ZH, ao mesmo tempo em que questiona os métodos da BM, aponta erros, da corporação, como fez na edição de hoje, critica o uso de armas de fogo, critica o preparo dos militares, mas destaca uso de foices e paus, quase que dizendo que os sem-terra também estavam armados, e reforça a tese de que o movimento queria o conflito, queria o confronto, estava preparado, inclusive com barricadas, para resistir, queria o "seu mártir". Por favor!! quem é que quer a morte de um companheiro?
O que se viu não foi resistência. A BM dominou logo os sem-terra, e dominou com cães, com uso de bastante força, e desferindo tiros de chumbo. Essa é a nossa Brigada Militar!!!!Este é o nosso governo do Estado!
Também não entendi porque os brigadianos estavam de máscaras no rosto em plena área aberta. Do que estavam se prevenindo?

Um comentário:

  1. Eu não vi esta matéria da ZH, mas fico indignada ao saber que tiveram coragem de estampar esta manchete. É pura reprodução do discurso dos ruralistas. Não é de estranhar para quem sabe da relação de um dos diretores da RBS, Afonso Motta, com o PDT e com a Farsul.
    Claro que o MST tem algum tipo de vantagem simbólica com essa morte, mas concordo contigo, Silvana, que a culpa é da Brigada Militar, do Governo, da forma como a sociedade lida com a questão e criminaliza movimentos sociais. Quanto a ZH, jornalismo não é feito de achismos e o jornal foi muito infeliz ao veicular um título tão carregado de ideologia, tão preconceituoso, sem contar no restante da cobertura sempre tomada desses pressupostos patrimonialistas.

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