terça-feira, 11 de maio de 2010

drogas e as campanhas

É só eu que estranho a abordagem das campanhas locais contra uso de drogas?

Eu já dei minha opinião, neste blog, em junho do ano passado, sobre a campanha "Crack Nem Pensar", do grupo RBS, que voltou a relançá-la neste ano com outras imagens, mas com a mesma concepção. Na época, falei da plasticidade das imagens, nada mais que modelos estetizados, maquiados com olheiras, manchas e olhos vermelhos, mostrando a decadência humana provocada pelo crack. Neste ano, o grupo RBS produziu peças com imagens dos junkies acompanhadas por seus familiares, como mães, pais, filhos e filhas que sofrem por tabela...Mudaram as personagens, mas a ideia plastificada continuou a mesma. No post de junho do ano passado, houve vários comentários interessantes sobre a campanha que, na verdade, parece mais estratégia de promoção do grupo empresarial que outra coisa...

Mas, enfim...Vindo da UFSM para o Centro, há um outdoor com outra campanha contra as drogas. A peça é assinada pela Apusm (Associação dos Professores Universitários de SM), Polícia Federal e UFSM.
Pela foto, pode-se ver um lindo bebezinho, sorrindo, na palma de uma mão, e, do lado, a frase "adote seu filho antes que um traficante o faça". E abaixo, uma frase com fonte menor dizendo "converse com seu filho sobre o problema das drogas". Confesso que demorei pra entender a relação das ideias "adote seu filho" antes que um traficante adote. Sei lá....Parece que há um traficante logo ali, pertinho de você, vigiando seus bebês branquíssimos de olhos azuis - o perfil de consumidores de drogas, creio eu, pela imagem escolhida- para, diante de qualquer descuido, pegar seus filhos e levá-los para o mundo das drogas. Claro que se você conversar com seu filho sobre o "problema das drogas", isso não vai acontecer; os traficantes irão se afastar instantaneamente. Se você não conversar, aí, meu amigo...tudo pode acontecer...

Não lembro de ter conversado com meus pais sobre drogas. E não sou viciada (em drogas), apesar de gostar de ver novela e consumir bebida alcoólica pelo menos umas duas vezes por semana.



6 comentários:

  1. Essa mensagem é bem pesada. Não gostei. Temos problemas de droga em Santa Maria e região. Mas não dessa forma. A ideia que passa é de algo muito presente. Ainda bem que não é.
    Também não tive esse 'papo' com meus pais, mas tive esse tipo de debate em outros espaços, como a escola.

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  3. Como uma amiga me disse esses dias, a campanha da RBS não é campanha. É slogan. "Crack, nem pensar". Que campanha é essa, que na chamada geral já anuncia que não vai "nem pensar" na complexidade do tema, não vai "nem pensar" nas pessoas afetadas pelo problema, não vai "nem pensar" na forma burra como tem sido tratada as políticas direcionadas às drogas. Essa campanha da APUSM é do mesmo nível: só mobilização de preconceito, moralismo puro. Zero de preocupação efetiva com o dependente quimico, zero de discussão sobre qual a real eficiência das politicas proibicionistas direcionadas às drogas. É só autopromoção dos autores das campanhas. triste.
    bj

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  4. Eventualmente, quando saiam notícias, quando surgia alguma pergunta, a gente fazia comentários, mas nunca em tom de recomendação, doutrinação (em relação aos filhos). Uma vez chamamos os filhos para conversar sobre sexualidade e eles nos disseram: "não se preocupem,,a gente já sabe essas coisas aí." E sabiam mesmo, trocavam informações, aprendiam.
    A nossa preocupação era que eles tivessem espaço para brincar, correr,água para nadar, natureza para curtir, afeto, amigos, carinho familiar, enturmação com crianças e jovens da mesma idade. Acolhimento, cuidados, fazeres, leituras.Com tudo isso, por que iriam ser atraídos pelas drogas? O discurso é o que menos importa. Penso também: Por que não se faz campanhas contra a bebida, o açucar, os antidrepressivos, as ritalinas que dão para as crianças, os lexotans, enfim, as drogas legalizadas, que estão tão generalizadas e que fazem um mal danado?

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  5. Realmente não há o que pensar assim com esse slogan. Não há questionamento possível. É moda falar sobre drogas, todos têm algo a dizer e sempre no mesmo sentido. Chega a ser cômico pra não dizer triste as auto-promoções das campanhas. Efetivamente não servem pra nada, ou servem justamente para a sociedade permancer da mesma forma, criminalizando, julgando. Lamento decepcionar o exército dos combatentes das drogas, mas esse caminho não adianta nada. Concordo com a Tereza. O que as crianças e jovens tem para fazer atualmente, quem quer saber delas?

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  6. hahaha, não pude deixar de rir com tua confissão de ser usuária de drogas: cerveja e novela. Felizmente, essas são menos ofensivas quando consumidas na dose certa.
    Mas, falando sério, as campanhas merecem ser discutidas porque, embora haja boas intenções por trás, acabam errando a mão. Na real precisamos mesmo é de uma boa campanha para implantar na região algum centro de recuperação de dependentes, com apoio às famílias, e de uma política mais forte de prevenção e discussão do assunto sem tabus. Vivemos numa sociedade hipócrita que tolera e incentiva o consumo de álcool, como já foi com o cigarro, e que ignora que a licitude não tira o malefício da coisa.

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