quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

MP gaúcho: criando problemas ao invés de resolvê-los

Poxa vida. Acabo de receber um email que me deixou muito de mau humor e muito triste. O Ministério Público do Estado determinou o fechamento das escolas do Movimento Sem Terra. Retrocesso. A Secretaria Estadual de Educação (de onde não se espera nada de bom) e o MP gaúcho assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta que determina o fechamento das escolas em sete acampamentos sem terra. Deveriam fazer um ajustamento da conduta deses dois órgãos pelo desserviço à educação que estão fazendo. O Ministério Público Estadual não é mais um poder independente; há muito tempo tem sido um braço do governo do governo do Estado, dizendo amém a tudo.
As escolas itinerantes funcionam há 12 anos. Os argumentos do Procurador de Justiça e integrante do MP, Gilberto Thums, são ridículos. Ele diz que os alunos dessas escolas são afinados ideologicamente com idéias extremistas. Por favor!!! Então vamos fechar a tal da Escola Tiradentes da Brigada Militar que ensina a disciplina militar aos alunos, que ensina sua ideologia. Não é a mesma coisa? E olha o que este carinha diz das escolas: "Isso provoca um ensino completamente fora dos padrões que o Estado tem que garantir. A idéia é que tenhamos um ensino com pluralidade de idéias e inclusão social". Meu Deus, meu Deus!! Que padrões de ensino são esses? Por que estas crianças não podem ter um ensino mais voltado a sua realidade? São escolas itinerantes e as crinças precisam acompanhar seus pais. O que as escolas do Estado têm de tão indispensável para essas crianças. Ensino com pluralidade e idéias de inclusão social? hahaha, faz-me rir, Procurador. Procurador de sandices, procurador de uma maneira de terminar com o MST. No ano passado, o MP chegou a sugerir a extinção do MST.
O email que recebi ainda diz que o governo do Estado está sucateando essas escolas, não enviando recursos e atrasando os salários.
Poxa, que tristeza. Que desserviço desses órgãos. Estou muito indignada.




8 comentários:

  1. Oi Sil... Também fiquei triste. No entanto, conheço alguns integrantes do Ministério Público e não acredito que estas atitudes reflitam a posição de todos os promotores. Será? Então tá tudo perdido mesmo...

    ResponderExcluir
  2. O pior é que eu acho que a maioria da população gaúcha aprova uma atitude autoritária e desumana como essa, visto que mesmo diante dos comportamentos descabidos do Governo Estadual, o mesmo tem tido boa aprovação no estado. Na verdade, não importa de onde vem o tiro, a questão é que qualquer setor da sociedade quer enfraquecer o MST...afinal o Movimento é uma pedra no caminho para os latifundiários que são a grande maioria do RS. Lamentável tudo isso!!!

    ResponderExcluir
  3. A gavernadora, homonima daquela na inglaterra, está decidida a desmontar os movimentos sociais. Já debruçou seu braço sobre o magistério, a de lá foi sobre os petroleiros. Os mais organizados. A imprensa noticia hoje que faltará professores (mais uma vez) este ano. Se calam os professores, quem honrará a vida?

    ResponderExcluir
  4. Testando sistema de comentários

    ResponderExcluir
  5. FilHa Silvana, gostei muito do teu comentario. Estou indignada com esse (des) ajustamento de conduta entre Estado e Ministério Público. Entendia que o papel do MP é a defesa da sociedade e dos direitos da cidadania. Ou esse sujeito preconceituoso não considera cidadãos os sem-terra ou não considera que as crianças tem o direito de permanecerem ao lado de seus pais? O MST não pode deixar isso assim. Deve exigir o direito de ter seus filhos consigo e isso significa estarem nos acampamentos, sendo cuidados por seus pais e pela comunidade. Aliás é o único lugar que eu conheço que a comunidade toda
    é responsável pelas crianças, na escola não existe isso, ou o tal sujeito nunca ouviu falar do individualismo ensinado nas escolas? Percebe-se isso até na forma de colocar as crianças na sala de aula, uma olhando a nuca da outra. Ele tambem não sabe que a unica forma dos pais cuidarem de seus filhos e garantirem educação é ter a escola nos acampamentos? E isso é permitido pela LDB na sua interpretação e ele não sabe que para funcionarem devem ser aprovadas pelo Conselho Estadual de Educação? E o foram e para isso é exigido e garantido formação pedagógica adequada dos educadores e eu posso garantir que isso é cumprido. Conheço bem, acompanhei isso como Coordenadora Regional de Educação.
    Se a educação e ideológica? Claro,. a educação que damos em casa aos nossos filhos tambem é ideologica: tem pais que defendem em casa o latifúnbdio, ensinam a odiar os sem-terra,por exemplo. Nada mais justo que os pais acampados defendam, na educação de seus filhos, o direito a terra para morar, viver e trabalhar. Como não ensinar aquilo que se acredita e que se faz? Tem pais, por exemplo, que dirão a seus filhos que o MP é contra os pobres, contra os Sem Terra, contra os direitos de cidadania, contra o direito das crianças, filhos dos sem-terra de viverem com seus pais e estudarem. E eu diria aos meus filhos, se fossem pequenos: não generalizem, nem todo o MP presta desserviço à sociedade como esse aí, mas lamentavelmente alguns fazem isso. Também estou de mau humor e que raaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiva! Tereza Dalmaso

    ResponderExcluir
  6. Calma mãe!!!
    Belo comentário...bem mais informativo e rico de conteúdo que o meu singelo protesto..
    Carla, tens razão! Com certeza há pessoas com pensamento diferente no Ministério Público. Eu realmente generalizei porque também estava num momento de raiva...
    bjos a todos

    ResponderExcluir
  7. Sil esqueceu dos inúmeros colégios militares que tem espalhados em cada guarnição no brasil inteiro, ou esses também não são repletos de ideologias militares. Lamentavel é que o ministério não protesta se essas crianças não estão sendo expostas ao rigor de uma educação militar há muito defasada.
    Lembrem-se ainda que esses pais ao não colocarem seus filhos na escola vão ser enquadrados ṕor negligência e ainda vão perder benefícios como o bolsa escola...
    Sobre o comentário da mãe: seus filhos não são mais pequenos, mãe, e pelo que a gente vê o MP está a serviço da governadora!!!!

    ResponderExcluir
  8. É muito claro que alguns promotores estão fazendo de tudo para exterminar com o MST (se esse desiderato é não-ideológico, como se isso fosse possível, então o que é ideologia?). Lembram da ação judicial para proibir as marchas do MST,pateticamente ajuizadas em frontal e direta colisão com os direitos constitucionais de ir e vir e de manifestação do pensamento? Pior que isso, lembro de ter lido que o MP processaria (como co-autores do "crime" de "invasão") os proprietários de terra que os acolhessem durante a marcha. Meu Deus, qualquer iniciado em Direito sabe que alguém só responde por crime em co-autoria se a sua conduta tiver relevância causal para o resultado (crime) e adesão psicológica a esse resultado!Puro terrorismo intimidatório!O segundo flanco de ataque, claramente, é esse das escolas. Os argumentos são, novamente, patéticos, como a Tereza bem comentou, comprovando que a intenção, deveras, é enfraquecer o movimento. Fico assustado com tudo isso. Os abusos e desvios da lei porventura cometidos pelo MST devem ser apurados e punidos, identificando-se os integrantes que transgridem a lei. Mas investir in genere contra um movimento social é, no mínimo, antidemocrático e muito preocupante. Detalhe: o MP não tá sozinho nessa. O Governo do Estado não precisava firmar o malsinado termo de ajustamento de conduta. O MP que ajuizasse ação judicial para extinguir as escolas do MST. Só que aí haveria um terceiro imparcial (Judiciário) para decidir, para o bem ou para o mal. De modo que parece haver confluência de interesses...

    ResponderExcluir