quarta-feira, 17 de junho de 2009

O diploma não é mais necessário, mas tem seu valor

O diploma em jornalismo não é mais necessário para exercer o jornalismo. STF decidiu isso nessa quarta-feira. O que me deixa com nojo é ver este assunto ser discutido por aqueles ministros do Supremo que não simpatizo nem um pouco. Parecia um monte de palpiteiros achando que sabem alguma coisa sobre ser jornalista. Eca! Não queria que eles decidissem isso, não eles. Mas, enfim. Não vejo motivo para desespero. O mundo não vai acabar. Não acredito no enfraquecimento dos cursos de jornalismo. Se assim fosse, não haveria cursos de publicidade, desenho industrial, artes plásticas, cênicas etc. Continuo achando o diploma importante, mas ele não é sinônimo de boa formação e de jornalismo de qualidade. Isto a gente vê no cotidiano. Há muito bom jornalismo sendo feito na Internet, por exemplo, tanto por jornalistas diplomados como não diplomados. O jornalismo é maior que os jornalistas, diria a Ivana Bentes, professora do curso de Comunicação da UFRJ que é favorável a não obrigatoriedade.
A decisão pode ter algumas consequências não muito agradáveis como a precarização ainda maior da profissão, redução de salários, e talvez uma desqualificação do próprio jornalismo. Talvez.
Leandro Fortes divulgou um bom texto em seu blog defendendo o diploma com muita propriedade. Paulo Henrique Amorim, a sua maneira, também opinou em sua página. Dois pontos de vistas diferentes. Nenhum sem razão.
Bom texto também de Alex Primo, no http://www.interney.net/blogs/alexprimo/.

8 comentários:

  1. Concordo. Os ministros pareciam palpiteiros.

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  2. Eu também me oponho a necessidade do diploma.

    Eduardo Ramos
    Jornalista

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  3. Aquele ministro Gilmar Mendes argumentando que a atividade de jornalista não coloca o risco a vida de ninguém foi asqueroso. Mau jornalista simplesmente pode destruir a vida de alguém ao redigir erroneamente uma notícia, etc...

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  4. Também acho, Clarissa. Ele comparou com a Medicina, mas eu acredito que o mau jornalismo cause danos graves, sim, às pessoas. O que mais me deixou indignada foi a probreza dos argumentos de Mendes.
    Aproveito para indicar o texto do Alex Primo sobre o assunt, no http://www.interney.net/blogs/alexprimo.

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  5. Oi Silvana! Mais do que a decisão tomada, por incrível que pareça, o que me revoltou foi a postura dos ministros do STF, especialmente o Mendes. Menosprezou totalmente o papel do jornalista, considerando um mero repassador de informações, nada mais. Outro ponto que me causou náusea foi, ao assistir telejornais da grande mídia (Globo e Band), sentir o ar de concordância deles (apresentadores em questão), afinal, os grandes empresários do meio sairão beneficiados. O STF deixou com eles a "responsabilidade" de decidir se vale a pena contratar um profissional graduado na área. O Decreto que regulamentava a profissão era arcaico, da época da Ditadura Militar, mas dar total poder aos empresários do setor é uma decisão também arbitrária. Barbaridade!!!
    Abraços
    Fabi Machado

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  6. Silvana, a questão principal não é o enfraquecimento dos cursos de jornalismo e, muito menos, a opinião dos ministros. Eles não são apenas juízes, mas homens de confiança o poder. O que está em jogo é a submissão de uma categoria que tem influência na sociedade e que - volta e meia - surpreende fazendo um bom trabalho, no caso, denúncias etc etc. Está evidente que está se conformando como uma ação orquestrada. Veja bem: a lei de imprensa desaba, sem nada no lugar, deixando qualquer jornalista exposto a decisões de primeira instância. Ou seja, cercam o profissional com o temor de punições, ignorando por completo o exercício profissional como postura ética. Em segundo, acabam com o diploma, terminando com o único critério legal para o exercício do jornalismo. Atrás disso, há muito mais! Há os direitos e deveres previstos nos anuais dissídios coletivos, que serão desmontados já no segundo semestre. Dizer que os cursos não serão atingidos é um ridículo simplismo. Estamos nos preparando para ver o jornalismo ser oferecido on-line, em cursos de EaD!!! Até para os professores de jornal a ameaça paira. Além do mais, o que falar da produção acadêmica em jornalismo, que sequer foi mencionada como argumento para manter os cursos (não foi dada NENHUMA importância às pesquisas na área. será que servem para alguma coisa?). Um dado é que a categoria recusou há tempos a formação de um conselho federal de jornalismo, para manter a indepedência do jornalismo do estado. Isso nunca foi engolido bem pelo governo de plantão, que prima por manter o movimento sindical sob seu controle (mire o exemplo da CUT). Macacos me mordam se essa proposta não ressurgir (algo do tipo, percam os anéis mas fiquem com os dedos). Detalho: o jornalista que deu início à ação que nos tirou o diploma teve forte contato com o PT e a CUT... agora, um deputado petista, o Pimenta, intermedia a favor do diploma, mencionando um possível PEC. O que será proposto nesse PEC? Veremos...

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  7. Rondom. Eu entendo tua visão, mas não acredito nesta ação orquestrada que tu citas. Eu sinceramente espero que não ocorra tudo isso que tu mencionas.Eu nunca me senti muito representada por este movimento sindical que te caráter partidário, como tu mesmo falas. O Pimenta está fazendo o papel dele, já que tem os jornalistas como eleitores. Não sei o que tu quer dizer com "independẽncia do jornalismo do estado". Independência? Onde?
    É uma discussão cheia de nuances mesmo, Rondom. Obrigada pelo tua importante contribuição

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