Seminário discute bens culturais em SM

Ontem, dia 05 de junho, a Cesma foi sede do Seminário Estadual para Auto-sustentabilidade Cineclubista/RS. Como tive aula de manhã, participei da Mesa da tarde sobre Direito Autoral e Constituição de Redes com o jornalista Antonio Martins (à esquerda da foto) e o professor Gilvan Dockhorn. A mediação foi do Leonardo Foletto (centro da foto), jornalista santa-mariense, mestrando da UFSC e editor do blog baixacultura.org. Foi uma discussão muito interessante sobre direitos autorais, socialização de bens culturais entre outros assuntos.

Cineclubes - Gilvan, que também trabalha com cineclubismo, disse que filmes brasileiros que não fazem parte de um circuito comercial de exibição só são vistos em festivais e, depois, nos circuitos de cineclubes. Para ele, há muita coisa sendo produzida no Brasil, mas há dificuldades de distribuição desses produtos. Daí a importância dos cineclubes e de uma formação de profissionais cineclubistas. Tenho dúvidas sobre o futuro dos cineclubes. Serão eles um nicho de mercado, que vai sobrevivendo por causa da fidelidade de seu público? Gilvan acredita que a grande potencialidade do cineclube é o debate sobre os filmes, as discussões que ocorrem após as exibições. Talvez...

Jornalismo - Antonio Martins falou da crise dos meios de comunicação decorrida da queda de leitores e expectadores dos veículos tradicionais de comunicação. Conforme ele, isto vem acontecendo devido a uma mudnça de hábitos culturais e ao surgimento de novas mídias como os blogs. "É mais confiável obter informações de um conjunto de fontes do que ser assinante de um jornal que vai entregar um produto empacotado e pronto", disse ele. Neste contexto, Martins destacou a importância da desmercantilização dos bens culturais. "A cultura e a comunicação de massa são paradigmas associados à modernidade e estão em crise, assim como estão em crise também as formas políticas de representação".

A rede mundial de computadores está proporcionando a troca de produtos culturais. O jornalismo, o cinema, a indústria fonográfica estão sofrendo as transformações ocasionadas pelas mudanças tecnológicas.

Como superar as relações mercantis e os problemas de direitos autorais? Como criar formas alternativas à mídia tradicional? Para Martins, é preciso políticas públicas como Internet banda larga para a população. Outra idéia seria a remuneração, com recursos públicos, a pessoas que estão produzindo comunicação não mercantilizada. Editais de concursos para rede de blogs, por exemplo, criação de programas de formação, oficinas, prêmios, estímulos a formação de redes de blogs sobre difusão do cinema, são idéias que Martins acredita que possam mudar este sistema mercantil dos bens culturais. "Estamos vivendo um momento muito rico, muito extraordinário", disse o jornalista.

Como eu disse, as palestras foram bem interessantes. Uma pena que mais pessoas não se mobilizaram a ir lá na Cesma ontem à tarde. Não vi muitas pessoas da área cultural, do cinema ou da música. Poucos jornalistas também. Perderam.