sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Supostamente

Eu adoro observar como os jornalistas usam a expressão "supostamente" nas matérias. Quando se tem receio de afirmar algo, principalmente fatos envolve ndo uma denúncia ou processo judicial, se usa "supostamente". No Diário de hoje, a reportagem sobre a denúncia envolvendo o vereador João Carlos Maciel diz assim: "A investigação é baseada em uma gravação enviada ao MP; entre Maciel e assessores, em que o vereador supostamente cobra a colaboração de assessores". Mesmo que na gravação conste que o vereador estava cobrando mesmo, se achou prudente usar o advérbio, já que a história toda está sendo investigada ainda. No entanto, há casos em que os jornalistas usam de maneira duvidosa o "supostamente". Neste ano o Diário publicou uma matéria sobre Silveira Martins e lembrou que o prefeito e o vice de lá, que ganharam as eleições em 2004, não assumiram porque foram condenados por "suposta" compra de votos. Quando a matéria foi feita, os dois já haviam sido condenados em todas as instâncias. Então por que usar o "suposta"? Foi comprovada a compra de votos, então, ao meu ver, não é suposta.
Muitas vezes, no jornalismo, usamos as palavras sem nos darmos conta do seu significado. Isso é muito comum. É fácil ser traído pelas palavras. Para não se comprometer ou pelo medo de afirmas as coisas categoricamente, se coloca o "supostamente" e pronto!!! Estamos livres! hahaha.
Quando a gente não vê, tudo pode ser suposto. Será? Supostamente sim. Supostamente não.
Supostamente hoje eu não sabia sobre o que escrever no blog e escrevi esse texto que supostamente não ficou muito bom. Estou com uma suposta preguiça hoje.

4 comentários:

  1. HAHAHA! Interessante. Eu me sinto - inúmeras vezes - OBRIGADA a usar o "supostamente" (aliás, estava pensando nisso esses dias!). É comum eu ter vontade de escrever "fez isso", "cometeu o crime X", "está incurso no tipo penal do art. Y", "fez tal coisa", "praticou tal outra"... Mas, sou obrigada a inserir um "supostamente" ou um "em tese"! Ossos do ofício. Afinal, no Estado Democrático de Direito TODOS SÃO INOCENTES até que haja prova em contrário! (humpf!)

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  2. Odeio essa palavra..e nãa uso, "por supuesto".. hehehe... Mas, cá entre nós, Sil, às vezes o pessoal não tem saída. Quanto a mim, sem querer dar uma de bem-bom, me recuso. Em tempo: reconheço, também, que sou dos raros a mandar no meu próprio espaço. É a melhor fase pessoal da minha carreira, aproveito para dizer: só escrevo O QUE QUERO. E ponto. PS. Obrigado por ler as notas sobre o JCM no meu site. Modéstia às favas, só ali foi possível ler a correspondência ao MP (DESCULPA PELA PROPAGANDA)

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  3. supostamente pode ser substituído por provavelmente, acusado de, as evidências indicam que, no caso em tela: "como constatado nas gravaçoes...". etc. etc. etc.
    o engessamento que os "manuéis" de redação [pauta de aula dos lentes de jornalismo], somado ao parco repertório vocabular de nossos/ nossas colegas [não serei eu a ser, supostamente, acusado de politicamente incorreto...] são causações de tantas impropriedades.
    quanto ao Estado Democrático de Direito... nele não há dúvida: todos são inocentes até a sentença transitada em julgado. no entanto. fatos são FATOS, e não há desculpa para serem noticiados como não-fatos. ou como possíveis fatos.
    ou não existe mais checagem???????
    []z

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  4. Sim, Letícia; na tua área há que se ter esse cuidado; e no jornalismo também, só que se usa o termo de forma desnecessária muitas vezes. Sim, Claudemir, às vezes não há saída mesmo. E parabéns por ter colocado a carta no site;achei superimportante a divulgação dela. E podes fazer propaganda dele, sem problemas.
    Daniel, realmente esses sinônimos não são usados. E mesmo com a checagem, o supostamente é usado. Incrível!!

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