terça-feira, 26 de maio de 2009

Maísa: infância roubada


Muito interessante a entrevista de Ivana Bentes, publicada na Folha de São Paulo de domingo e reproduzida no site do Instituto Humanitas Unisinos ontem. Ivana fala da Maísa, a menininha apresentadora do SBT que, além de ter um programa seu, participa dos programas do dããã Sílvio Santos. Eu vi a Maísa através do CQC (que eu amooooo) e vídeos no you tube.
Em seu programa, Sílvio Santos já colocou a menina dentro de uma mala e num dos últimos episódios levou um menino para assustá-la. E ela se assustou de verdade, gritava, corria, desesperada. E a platéia rindo. O CQC criticou Sílvio Santos, Marcelo Tas comentou as maldades no twitter e a Justiça acabou interferindo e proibiu a participação da criança no programa do Sílvio.
Na entrevista, Ivana fala da exploração midiática de Maísa: "A garota é realmente adorável e "monstruosa" ao mesmo tempo. Tem a dupla face da mídia atual, que incorpora e utiliza o mais "espontâneo", o íntimo, a gafe, o erro, o choro e todo o tipo de assujeitamento e humilhação como matéria altamente valorizada".
O que vai virar esta menina? Desde os seis anos trabalhando de apresentadora na TV? Não quero nem ver...já chega a Xuxa que é infantilizada até hoje, coitada!
Ai, ai. A televisão mostra, a gente olha. A TV quer audiência e o telespectador quer algo que lhe interesse. E neste jogo, coisas horríveis vão ao ar.

7 comentários:

  1. Eu li umas repercussões bem negativas também sobre o que o SBT e o mala do Silvio Santos fazem com essa criança. Também me questiono sobre os valores dessa família, que deve estar apenas usufruindo da grana que ela tira sendo humilhada na tv. Tadinha, é bizarra! E mais doentio é o público que alimenta esse tipo de atrocidade, como se ela fosse um miquinho de auditório.

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  2. Oi, Sil. Confesso que não tenho muito clara essa questão... Mas tendo a concordar contigo. No entanto, até para estimular o debate, tem opinião completamente oposta, que publico no meu site nesta madrugada. Dá uma olhadinha. Você e teus leitores.

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  3. Oi Silvana
    procurei no site do Claudemir Pereira um espaço para postar comentários, mas não encontrei. Vou fazer aqui um comentário englobando os dois textos, o teu e o do site dele
    Uma das coisas que mais me chamou a atenção acompanhando o "grande assunto da semana" foi saber que o programa é gravado dias antes de ir ao ar, quer dizer, a menina não chorou "ao vivo". O choro é claramente real e espontâneo (e Silvio Santos adora lembrar que nada do que Maísa faz no programa é combinado antes), mas a decisão de colocar no ar aquele choro é posterior, é adulta, é da direção do programa. Por que não cortar aquela cena antes de mandar ao ar no domingo? Era realmente necessário? Pra audiência, provavelmente.
    Claudemir Pereira posta em seu site alguns comentários de Carlos Brickman que pergunta se alguém se preocupou em falar com a menina, saber se ela gosta ou se sente mal em estar na TV. Creio que essa pergunta desvia de questões mais importantes neste momento. Quem viu a Maísa na TV ou nos inúmeros vídos no youtube pode constatar o quanto ela parece à vontade diante das câmeras, e o fato de ela gostar disso não acaba com o problema, crianças não choram se não lhes é dado motivo para tanto. Como disse, não coloco em questão o fato da menina gostar de estar na televisão, mas aqui surge um problema: quem está em contato direto com crianças sabe muito bem que uma criança pode brincar uma semana inteira com um mesmo brinquedo e de um dia para o outro não querer mais nem ouvir falar dele. Com um brinquedo não há problemas, é simples, se deixa ele de lado e se passa para outro brinquedo. Mas quando essa coisa que a criança gosta de fazer está regida por um contrato de trabalho? Será que a criança Maísa, que hoje gosta do seu brinquedo, vai poder dizer "não quero mais brincar"? Ou será que vai sobrar pra trabalhadora Maísa que vai precisar respeitar até o fim as cláusulas de seu contrato (que obviamente não foi assinado por ela)? "Eu sou o patrão. Aqui quem manda sou eu", são algumas das falas de Silvio Santos para a menina.
    Enfim (sempre do site de Claudemir Pereira) Carlos Brickman resolve a situação brilhantemente dizendo que "não é nada que uma conversa com o próprio Silvio Santos, uma pessoa inteligente e razoável, recomendando-lhe mais tato, não resolva". Será? Quem é que poderia ter essa conversa e ser levado a sério pelo patrão? Além disso, se o Silvio Santos tiver mais tato ele vai acabar com o próprio formato do programa (formato este que garante a sua audiência) baseado em várias situações que poderiam levar a menina ao constrangimento. Situações com as quais, até pouco tempo, ela lidou muito bem. Parece que agora ela chegou no seu limite.

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  4. Olá, Desiree. Duas coisas: uma é que haverá espaço para comentários no meu site em tempo próximo (eu espero.. hehehe). Enquanto isso, basta que use o espaço !contato!, que publicarei. E outra é que, como disse no comentário inicial, tendo a concordar com a Silvana. E agora, com você. Mas preferi colocar aquele texto do Brickmann exatamente por proporcionar o contraditório. Legal tudo o que escreveste - não te conheço, mas percebi que tuas observações são pra lá de pertinentes. Acho que é por aí mesmo.

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  5. É grave esta informação de que o programa é gravado. Isso quer dizer que os pais que devem acompanhar a garota viram as cenas e deixaram ir ao ar. Perguntar para a menina o que ela quer é desconsiderar que como criança ela ainda não tem discernimento do que é bom ou não para ela. Agora, acho ingenuidade do Brickmann ele trazer exemplos de pessoas que começaram suas carreiras bem cedo e que isso não fez mal a elas. Por favor!!! Isso não está em questão. Está em questão o uso de uma criança em um programa de baixo nível, com uma apresentador insano que está interessado somente na audiência. Maísa é um brinquedo na mão dele.
    Desiree e Claudemir: suas contribuições são fundamentais até porque não me aprofundei muito no assunto. Por isso indiquei o texto da Ivana Bentes, que é mil vezes melhor do que o do Brickmann, que, para mim, simplifica demais a questão.

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  6. infancia roubada???, não, esse título não silvana.

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  7. Realmente. Infância roubada ficou ridículo mesmo. Hahahaha. Tô aqui rindo sozinha da minha supercriatividade. Parece título de documentário de estudantes de jornalismo...

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