sexta-feira, 8 de maio de 2009

Mercados aos domingos: o debate é bom

Realmente, o assunto é polêmico e dá para perceber que existem vários pontos de vistas sobre a abertura dos mercados aos domingos. Agradeço às nove pessoas que fizeram comentários ao meu texto. Foram contribuições muito relevantes que enriquecem este espaço que também criei para isso: fomentar a troca de idéias.
Os comentários postados aqui foram os mais diversos. Vou tentar compilar algumas ideias a fim de refletirmos novamente sobre o assunto: o jornalista Claudemir Pereira, a quem admiro muito e acompanho seu trabalho através de sua página, disse que há uma rede de supermercados da cidade que está liderando o fechamento aos domingos e que esta mesma rede vai demitir funcionários. O Claudemir é uma pessoa muito bem informada. Mesmo assim, espero que essas demissões não ocorram, pois seria muito ruim. Eu tenho minhas dúvidas quanto a este argumento do desemprego que há com as redes fechadas aos domingos...não sei se é bem assim, mas não tenho muito conhecimento para ir mais a fundo nisso.
Foram vários os comentários que tocaram em um ponto comum, que considero importantíssimo neste debate: os funcionários irão receber o domingo trabalhado como domingo mesmo, com a hora valendo mais?. Isso, os defensores dos mercados abertos aos domingos já consideram como óbvio; não precisa ser discutido. Não precisa ser discutido mesmo? Quem é que fiscaliza isso? Se me garantirem que as redes pagam o domingo como domingo, posso até mudar de idéia. Alguns leitores que comentaram o último post relataram suas experiências pessoais: que as empresas fazem banco de horas e dão folga aos funcionários em dia de semana se estes trabalharem no domingo. Não está certo! Este tem que ser um ponto levado em conta pelos defensores da abertura. Ai, estou cansada de ver as empresas não respeitarem os direitos mais básicos dos trabalhadores: assinar carteira, pagar hora extra, pagar adicional noturno, feriados e DOMINGOS!!! Poxa vida! A pessoa está deixando de fazer várias coisas interessantes para estar ali, nos supermercados, trabalhando "pelo desenvolvimento de uma cidade que não quer ser retrógrada" e, portanto, esta pessoa deve ser valorizada e receber aquilo que a lei determina.
Agora, compreendo que talvez o acordo poderia ser mais flexível. A Carla comentou isso. Se Big, Nacional, Carrefour querem abrir aos domingos e contratar mais pessoas para isso, que façam. Afinal, estes mercadões talvem tenham mais estrutura e recursos para contratações.
No entanto, não sei dizer se a proibição fere o livre mercado, como alguns estão dizendo. A concorrência não estaria prejudicada se alguns abrissem e outros não? Pelo menos a proibição geral gera uma concorrência mais limpa.
Quem está lucrando com este acordo são os mercadinhos comandados pela família, sem funcionários contratados. Estes podem abrir suas portas. Pelo menos são pequenos empreendimentos que estão sendo beneficiados. E sei que são recursos que vão circular aqui em Santa Maria. Já os lucros de Big e Carrefour, aqui é que não ficam. Ha, mas geram emprego!, dizem os entendidos.
Sim, é importante pensar no consumidor. Mas em época de flexibilização de leis trabalhistas e de precarização, temos que pensar também no bem-estar dos trabalhadores e ter garantias do cumprimento e fiscalização das leis.

Espaços públicos - A Carla também falou uma coisa legal no comentário dela. Como seria interessante fazer abaixo-assinados por mais espaços públicos, áres de lazer, de convivência, praças limpas e organizadas, parques...
Isso também é desenvolvimento!

3 comentários:

  1. Oi, Sil. Nem preciso dizer que sou tua fã (afinal, recomendo seguidamente teu blog no meu sítio). E gostei desse debate que promoveste, e comentei isso na rádio "dos histéricos" (hehehehe), como sabes. Só acho, e prometo não encher mais o saco com isso, que está havendo um equívoco. A campanha que se faz (e da qual sou integrante, como deixei claro na coluna Observatório, sábado passado) é para que QUEM QUEIRA, POSSA ABRIR. Quem quiser continuar fechado, sem problemas. Afinal, cada um sabe seus custos e seus lucros (vivemos ainda no capitalismo, não?). Então, ninguém está "obrigado" a abrir. Quanto a questão dos direitos, e eles têm, sim, que ser respeitados, a fiscalização (você tem preocupações, eu também, em relação a isto) pode e deve ser feita por duas partes: o Ministério do Trabalho e, afinal, do nosso zeloso (e o respeito por isso) SINDICATO DOS TRABALHADORES. Com relação às opiniões, como bem sabe, respeito todas. Mas tenho a minha. E, que diabo, gosto de colocá-la, mesmo com os riscos que bem sabemos correr.

    ResponderExcluir
  2. Entendi teu esclarecimento. Por isso comentei no texto a respeito da proibição geral dos mercados de abrirem aos domingos. Entendo que liberar para quem queira abrir possa ser uma solução. Mas quem se beneficia disso, além dos consumidores? E quem sai perdendo?

    Muito obrigada por falar do meu blog na tua página e também no rádio. Considero importante este cruzamento de mídias diversas.

    ResponderExcluir
  3. Obrigado, Sil. Já discutimos isso, lá no início do teu blogue, mas não custa repetir: há várias maneiras de as pessoas se informarem ou até formarem opinião. E não precisa ser pela televisão ou pelos jornais. Modéstia às favas, tenho dado notícias (além de opinião) EXCLUSIVAS ou antecipadas, na minha página. E acho que eu, você, o Ronai (que tem um blogue com opiniões muito fortes e análises idem) e tantos outros podemos contribuir para que as pessoas não fiquem apenas com a visão da mídia grandona (e da que se acha). O problema é sobreviver dessa maneira.. hehehehe. .Mas isso já é outra história.

    ResponderExcluir