terça-feira, 24 de novembro de 2009

8º SMVC - Mostra Competitiva local. Altos e baixos


Dez produções bem diferentes. Cinco documentários e cinco ficções na mostra competitiva local do 8º SMVC. No geral os documentários me pareceram bem melhores que os curtas de ficção. Há filmes muito bons tecnicamente, mas frágeis de enredo e atuações muito ruins. Com exceções, claro.
Alguns comentários pessoais sobre cada um dos filmes apresentados ontem:

"1ª Quadra" (Doc. direção Marcos Borba)- interessante filme porque não se foca muito em datas históricas, mas sim nas pessoas, nos costumes, no que a 1ª Quadra significava nas décadas de 30, 40 e 50 para os santa-marienses. Mas poderia ter mais fontes. Dois entrevistados da família Isaía. Eu acho que existiam outras famílias em SM na época da 1ª Quadra, mas tudo bem. Uma pena que o filme peca no final, com a colocação de um poema embaixo das imagens. Estava ruim de ler e a gente acabava não prestando atenção nas belas imagens. Desnecessário.

"3,2,1, bang!"(ficção; direção douglas menezes e jacques ortiz) - uma bobagem, mas eu ri. Uma brincadeira de bang-bang entre colegas da Faculdade. Gravado num dos prédios da Unifra. Bons enquadramentos, boa trilha sonora. Satiriza os filmes de perseguição policial. Mas não tem enredo. Uma brincadeirinha bem executada. E só.

"Krê" (Doc. direção Alexsandro Oliveira e Francele Cocco)- chato, pouco interessante. Aborda o trabalho de uma trabalhadora kaigang, em Ronda Alta, que sobrevive com a venda de balaios de taquara (o krê). Só mostra imagens dela fazendo o balaio e falando. Pareceu-me sem roteiro, sem uma linha temática. Quando ela explica como ela faz o balaio, me lembrei das matérias de TV do Jornal Hoje, do tipo: "aprenda hoje como fazer cestas de páscoa. Siga os passos".

"Catando significados: o lixo e seus significantes" (Doc. direção Daiane Vieira). Legalzinho. Usa da metalinguagem com imagens da própria equipe entrevistando os catadores de material reciclável. Fala da vida sofrida desses trabalhadores que passam por dificuldades e que tem sonhos. Só que os depoimentos são meio desencontrados.

"Essencial ao Coração" (Ficção - direção Clarissa Pippi)- não tem muito ritmo o filme. E o enredo é fraco. Tenta surpreender no final, mas não faz muito sentido.

"Docru" (Doc direção Rafael Berleze)- Totalmente sem noção com relação ao tema. Irrelevante. Traz depoimentos de estudantes que "sofrem" com as filas do Restaurante Universitário. Meus Deus! Quanto drama! Coitados dos estudantes debaixo de sol, de chuva, perdendo aulas. Muito comovente!. Só reclamação e argumentos ruins. Fora o tema, o filme inova porque apresenta uma liguagem visual toda recortada, dinâmica, com uma "montagem contemporânea", como diz a sinopse da revista do SMVC. Lembrando que Rafael Berleze fez um filme muito legal no ano passado. Não foi feliz neste ano.

"Acaso" (ficção. direção Neli Mombelli)- Uma história que começa chatésima e termina de forma surpreendente e engraçada. Com exceção do ator Ricardo Pain, as outras atuações são péssimas; estragam um filme que poderia ser bom.

"Detalhe" (Doc. direção Maurício Canterle)- Ótimo. O melhor documentário dos cinco apresentados. Uma atriz que interpreta diferentes meninas que possuem AIDS e que foram entrevistadas. Linguagem visual focada nos detalhes da boca, do olho e das mãos da personagem. Mistura ficção e documentário e trata o assunto de forma séria.

"Lembranças" - (Ficção Marcos Borba)- Paula Saldanha está fantástico encarnando um homem que está prestes a perder seu melhor amigo e que começa a lembrar de vários momentos da vida. Um bom texto, bons enquadramentos e uma interpretação iluminada de Saldanha.

"Ponto de Corte" (Ficção. Diogo Viedo)- Bem mais ou menos, mas tem uma certa tensão na história do vestibulando que quer passar na UFSM. Um enredo nada original, mas que faz parte do cotidiano dos santa-marienses.

4 comentários:

  1. Admiro o teu jeito crítico e direto! Muito bom mesmo! hahahha

    Willian
    www.opiniaoposta.com.br
    www.twitter.com/opiniaoposta

    ResponderExcluir
  2. Ano de vacas magras para a produção local.
    E o alto nível do primeiro dia da mostra nacional evidenciou ainda mais o problema da falta de bons textos por aqui. Mas, ao meu ver, pelo menos estamos saindo do formato "teatro filmado" e assimilando melhor a linguagem cinematográfica.

    ResponderExcluir
  3. Oi Willian. Pois é. Acho que sou direta demais...vou dar uma maneirada.
    Wandeclayt, acredito no potencial de Santa Maria que tem pessoas capacitadas para fazer coisas muito boas.Tens razão: há carência de bons textos mesmo. Há filmes muito bons tecnicamente, mas pobres em diálogos e roteiro.

    ResponderExcluir
  4. comecei a ler teu texto e tava me cagando de medo de chegar na mini-critica-do-Detalhe. rs. obrigada.

    :)
    beijo!

    ResponderExcluir